Tempo no Alvo Glicêmico e Redução das Complicações do Diabetes

TEMPO NO ALVO GLICÊMICO E REDUÇÃO DAS COMPLICAÇÕES DO DIABETES

Ana Renata de Godoy Ferreira

Em pacientes com diabetes, o controle glicêmico deve ser individualizado considerando a condição clínica do indivíduo. Os parâmetros utilizados de avaliação são a Hemoglobina Glicada (é a média das glicemias diárias, no prazo entre 3 a 4 meses) e glicemias capilares (jejum, antes das refeições, 2 horas após as refeições e ao deitar). Com o uso da monitorização contínua de glicose é possível avaliar o tempo no alvo glicêmico, tempo de hipoglicemia, coeficiente de variação e glicose média estimada.¹ 

Abaixo, temos as metas individualizadas de acordo com 5 situações diferentes:¹ 

 Pacientes DM1 ou DM2 Idoso Saudável Idoso Comprometido (Frágil) Idoso Muito Comprometido Criança e Adolescente 
Hemoglobina Glicada <7,0 <7,5 <8,0 Evitar sintomas de hiper ou hipoglicemia <7,0 
Glicemia de Jejum e Pré Prandial 80-130 80-130 90-150 100-180 70-130 
Glicemia 2h Pós-Prandial <180 <180 <180 — <180 
Glicemia ao Deitar 90-150 90-150 100-180 110-200 90-150 
Tempo na Meta 70-180 mg/dl >70% >70% >50% — >70% 
Tempo de Hipoglicemia <70 mg/dl <4% <4% <1% <4% 
Tempo de Hipoglicemia <54 mg/dl <1% <1% <1% 

As metas baseadas na monitorização contínua de glicose para DM1 e DM2:¹ 

  • Intervalo alvo de 70-180 mg/dl – >70% 
  • >180 mg/dl – <25%; 
  • >250 mg/dl – <5%; 
  • 70 mg/dl – <4%; 
  • 54 mg/dl – <1%  

As metas baseadas na monitorização contínua de glicose para idosos ou pessoa de risco para hipoglicemia (DM1 ou DM2):¹ 

  • Intervalo alvo de 70-180 mg/dl – >50%; 
  • >180 mg/dl – <50%; 
  • >250 mg/dl – <10%; 
  • <70 mg/dl – <1%  

Além das metas acima, é recomendada a meta de hemoglobina glicada <7% para todos os indivíduos com diabetes para prevenção de complicações microvasculares, desde que o mesmo não tenha hipoglicemias graves e frequentes.¹  

No diabetes tipo 2, os desfechos cardiovasculares a longo prazo diminuem quando há um controle intensivo da glicemia desde o diagnóstico. Já no diabetes tipo 1 se houver controle rigoroso da glicemia e hemoglobina glicada <7% nos 6 primeiros anos de diagnóstico, pode-se ter redução de 57% na ocorrência de infarto agudo do miocárdio não fatal, acidente vascular cerebral e morte por doença cardiovascular no seguimento de longo prazo (9 anos).¹ 

As complicações crônicas do diabetes melittus apontam para uma série de eventos complexos em sua singularidade e ainda para uma rede complexa de cuidado quando analisados na sua pluralidade. Para que a prevenção seja efetiva, afirma-se a possibilidade de manter níveis glicêmicos controlados, como uma medida efetiva para diminuir o risco e a progressão das complicações crônicas. Para um plano terapêutico efetivo, evidencia-se a necessidade de múltiplas intervenções, tais como:² 

  • medidas farmacológicas e não farmacológicas; 
  • mudanças no estilo de vida, com prática de exercícios físicos regulares;  
  • controle rigoroso da alimentação;  
  • acompanhamento periódico em consultas médicas e exames laboratoriais;  
  • parar de fumar;  
  • controle da pressão arterial;  
  • vacinação;  
  • atenção psicossocial;  
  • detecção e tratamento de complicações crônicas. 

REFERÊNCIAS: 

  1. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Metas no tratamento do diabetes. Disponível em: https://diretriz.diabetes.org.br/metas-no-tratamento-do-diabetes/.  Acesso em: 05 dez. 2023. 
  1. REVISTA BRASILEIRA DE ENFERMAGEM. Prevenção das complicações crônicas do diabetes mellitus à luz da complexidade. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0080. Acesso em: 05 dez. 2023.